post

Aesbe lança documento com diretrizes das empresas de água e esgoto para o enfrentamento das mudanças climáticas

O setor de saneamento brasileiro deu um passo importante na discussão sobre mudanças climáticas durante o workshop “Saneamento em Ação: rumo à COP30”, realizado nesta terça-feira (25), na sede da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae). O evento marcou o lançamento oficial do documento “Saneamento e Mudança Climática: Diretrizes das Companhias de Água e Esgoto para o enfrentamento dos de eventos anormais”, desenvolvido pela Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (Aesbe). O documento apresenta diretrizes para preparar as empresas do setor para os desafios impostos pelas mudanças climáticas, com um olhar especial para a COP30, que ocorrerá em novembro de 2025, em Belém (PA). Clique aqui e acesse o documento.  

O workshop contou com a presença de Aguinaldo Ballon, presidente da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae); James da Silva Serrador, presidente da Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caer) e integrante do Conselho Fiscal da Aesbe; Denison Gama, presidente da Companhia de Saneamento do Amazonas (Cosama); Sérgio Gonçalves, secretário executivo da Aesbe; Verônica Sánchez, presidente da ANA; Leonardo Picciani, secretário nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades; Alexandre Motta, presidente da Funasa; Angélica Maria, analista de programas do ONU-Habitat; e Adriana Sotero Martins, pesquisadora titular em Saúde Pública da Fiocruz, representando a Vice-Presidência da instituição. 

O anfitrião do evento, Aguinaldo Ballom, enfatizou a importância do evento em discutir a inclusão do saneamento rural nas políticas públicas, apontando a necessidade de medidas específicas para as regiões menos atendidas. “O saneamento rural precisa ser tratado com a mesma prioridade que o urbano. A legislação atual privilegia as cidades, deixando populações rurais sem políticas públicas adequadas. Este evento reflete a diversidade de atores que precisam ser envolvidos na discussão, ampliando o debate e construindo soluções inclusivas..”

Sérgio Gonçalves, secretário executivo da Aesbe, ressaltou a importância do documento lançado durante o evento para o debate sobre resiliência, adaptação e o novo normal que enfrentamos. “Vivemos uma era de transformações aceleradas, e precisamos estar atentos e preparados para lidar com os desafios impostos pelas mudanças climáticas. Nosso compromisso é garantir um serviço público de saneamento de qualidade para todos, mitigando os impactos ambientais e promovendo soluções sustentáveis”, destacou. 

James da Silva Serrador e Denison Gama abordaram os desafios enfrentados em suas respectivas regiões devido à escassez de água e ressaltaram a necessidade de políticas públicas eficazes. “A história nos mostra como a água é frequentemente negligenciada até que sua falta se torne uma crise. Na última COP, realizada em uma região com escassez hídrica, o tema não teve a atenção necessária. As companhias de saneamento fazem um trabalho invisível e essencial: garantem que a mágica da água potável chegue às torneiras, garantindo dignidade e saúde. No entanto, esse trabalho precisa de mais reconhecimento e suporte”, afirmou James Serrador. 

Já Denison Gama alertou que o problema da escassez hídrica tem se agravado. “Não basta ter tecnologia se não houver disponibilidade de água. Precisamos garantir a segurança hídrica e fortalecer as políticas públicas nessa área”, enfatizou. 

Adriana Sotero Martins, da Fiocruz, alertou sobre a relação direta entre a falta de saneamento e o aumento de doenças, reforçando a importância de inserir a temática na COP30. “Trazer o debate sobre saneamento para a COP30 é essencial para garantir segurança hídrica tanto para populações urbanas quanto rurais. Como pesquisadora na área da saúde, vejo de perto os impactos do saneamento inadequado na proliferação de doenças. Com o agravamento da crise climática, a falta de água se tornará mais frequente e essas doenças serão ainda mais recorrentes. O saneamento é saúde, e precisa ser tratado como prioridade em todas as discussões ambientais e sociais”, reforçou. 

Outro destaque do evento foi o anúncio da criação da Casa do Saneamento na COP30, um espaço para fomentar debates sobre a relação entre saneamento e mudança climática. Alexandre Motta, presidente da Funasa, também destacou a importância de um olhar diferenciado para o saneamento rural. “O saneamento deve ser abordado de forma integral. É um erro tratar o saneamento urbano e o rural da mesma maneira. No Brasil, 88% dos municípios têm menos de 50 mil habitantes e abrigam um terço da população. Não há universalização sem considerar os pequenos municípios e as áreas rurais.” 

Leonardo Picciani, secretário nacional de saneamento, abordou as iniciativas do governo federal nesse contexto, destacando a importância da segurança hídrica e da resiliência climática. “A COP30 em Belém será uma oportunidade para o Brasil mostrar ao mundo a importância da floresta amazônica e, sobretudo, das 30 milhões de pessoas que vivem em suas cidades. Não manteremos a floresta em pé sem cuidar da população amazônica e garantir um desenvolvimento humano e social digno..” 

Além disso, Verônica Sánchez ressaltou a urgência da ação coordenada. “O momento é de alerta, mas também de ação coordenada e inteligente. Temos informações suficientes para agir e precisamos utilizar recursos próprios e financiamento internacional para adaptação. É urgente recuperar matas ciliares, preservar mananciais e fortalecer a infraestrutura verde e cinza. O saneamento e o esgotamento sanitário são condições essenciais para a segurança hídrica e devem ser priorizados nas cidades.” 

Lançamento do documento “Saneamento e Mudança Climática: Diretrizes das Companhias de Água e Esgoto para o enfrentamento de eventos anormais”

Durante o workshop, foi realizada a Mesa de Lançamento do documento. Compuseram a mesa Antônio Miranda Neto; especialista em Gestão de Serviços de Saneamento e consultor líder na elaboração do documento; Paulo Henrique Reis, coordenador do GT de Mudança do Clima e COP30 da Aesbe e gerente de responsabilidade socioambiental da Cedae; Romildo Lopes, secretário da Câmara Técnica de Gestão Ambiental e Mudança do Clima (CTGA) da Aesbe e Coordenador de Políticas Ambientais da Cagece e Camila Roncato, coordenadora da Câmara Técnica de Mudança do Clima (CTGA) da Aesbe e superintendente de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Saneago. A mesa foi mediada por Sérgio Gonçalves, secretário executivo da Aesbe. 

Elaborado pela Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (Aesbe), o relatório apresenta diretrizes para o setor de saneamento enfrentar os impactos da mudança climática. O documento é resultado de um extenso levantamento com 17 empresas associadas, consolidando 1021 registros e abrangendo diversas macrorregiões do Brasil.